segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Auschwitz e Birkenau - uma experiência avassalora

Porque as experiências que nos marcam merecem e devem ser partilhadas. 
Partilho aqui uma experiência avassaladora vivenciada durante a minha visita a Cracóvia no ano passado.



Começamos este ano de 2019 e, após o festejo do primeiro ano do blog, com uma temática que vocês verão mais frequentemente por aqui: viagens (Yaaaay, novidade revelada, que tal, gostam?). No entanto, esta publicação não descreverá uma viagem (essa fica para outra publicação), mas sim uma experiência que ocorreu numa visita a um país marcante: a Polónia.



Numa das minhas viagens do ano passado, em Setembro, passei por Cracóvia, local esse onde já tinha decidido à partida que iria visitar os campos de concentração de Auschwitz e Birkenau, nos quais judeus, homossexuais, doentes mentais e quem saía dos "padrões dignos" foram torturados e mortos. Posso dizer-vos que, desde pequena, me interesso bastante pela temática da Segunda Guerra Mundial, pelo que sempre "ansiei" pelo dia em que eu compreendesse melhor o que tinha ocorrido, para além do que estudara e lera. Na verdade, percebi mais tarde que nenhuma experiência traduziria a verdade nua e crua do que acontecera (e ainda bem!).

Nada me fazia mais sentido vir aqui partilhar convosco que não a minha experiência avassaladora no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. Apenas ali percebi as proporções a que tudo chegou, o número de pessoas que ali perdeu a vida (um número assustador!) . Sim, sou totalmente da opinião que estas experiências têm de ser vivenciadas, que toda a gente (mesmo toda) deveria olhar (olhar e não apenas "ver") o que ali aconteceu: as histórias, as vidas perdidas, os sonhos desvanecidos, a crueldade e a maldade inerente ao ser humano. Acrescento que ali, todo o ambiente é envolto num silêncio perturbador mas, ao mesmo tempo, de grande respeito pela memória de quem ali viveu os seus últimos momentos.



Posso dizer-vos que é praticamente impossível visitar e ficar indiferente, não sentir o coração apertado de angústia, as lágrimas que querem cair e o medo. Sim, medo. Medo só de pensar que isto não aconteceu assim há tanto tempo, medo de pensar que há seres humanos capazes de tamanha maldade e, por mais "escondidos" que estejam, eles existem. Sim, fiquei com medo que o hoje que conheço seja totalmente modificado para um amanhã que não desejo, por alguém que não mede consequências, que não tem medo de nada, nem tem qualquer amor para dar.

Que vos posso dizer mais? Uma experiência intensa, que nos deixa completamente envolvidos pela negativa e com sentimentos e emoções completamente arrebatadores por cada canto no qual passamos. Mesmo tendo sentido que é uma experiência de uma intensidade para a qual não há palavras, aconselho mesmo a todos a visita. Já disse acima que é impossível não sentir o impacto e, se conhecerem alguém que veio de lá exatamente da mesma forma, algo de mal se passa. E o que me assusta é isso, não sentir nada com esta visita. 
A maldade humana é maior do que aparenta, não tem limites e todos aqueles cantinhos têm consigo um peso que se sente verdadeiramente. Toda esta experiência traduz uma brutalidade para a qual não há palavras nem justificação.




O que aprendi com esta experiência?


Sou da opinião que observar, sentir e refletir neste tipo de acontecimentos nos ajuda, de uma forma muito verdadeira e profunda, a compreender as coisas boas que temos na nossa vida. A valorizar tudo aquilo com que a vida nos decidiu presentear e a relativizar pormenores e aspetos que não são assim tão importantes para passarmos dias e dias a reclamar. 
A vida é isto, de coisas más como esta, podemos retirar aprendizagens brutais e evoluir enquanto seres humanos, mais que não seja para contribuirmos para uma humanidade mais bonita, com mais amor para dar e menos egocentrismo.


Aqui fica o meu conselho para quando decidirem visitar Auschwitz-Birkenau:

"Observa, sente e reflete, porque serás melhor ser humano depois disto"


Hoje, não vos deixo com uma pergunta, mas sim com uma reflexão, com a qual também espero que se questionem e reflitam.

6 comentários:

  1. É dos locais que mais quero visitar, porque acredito que seja certamente uma visita triste e intensa, mas ao mesmo tempo um "abre-olhos". Porque o que aconteceu lá foi horrível, foi triste e foi real. Porque a maldade passou por aqueles cantos, cantos que contam uma das piores histórias do mundo e acho que precisamos de ver isso, não para nos sentirmos mal, mas sim para nos fazer refletir, somos uns sortudos e não damos conta. A quantidade de pessoas que sofreu, as centenas de famílias desfeitas. Deve ser de uma intensidade absurda, mas, sem dúvida que quero lá ir.
    Obrigada por esta partilha!
    Beijinho

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    1. Tal como partilhei no texto, acho mesmo que é uma experiência que todos deveriam viver, por esse motivo: é um "abre-olhos" para percebermos que somos uns sortudos e nos fazer refletir. Mas sim, é muito pesado emocionalmente...

      Um beijinho Mary*

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  2. Eu já tive oportunidade de visitar os campos de concentração de Auschwitz em 2010, durante um intercâmbio estudantil. Era um sítio que queria mesmo ir (estava "ali ao pé") e fui. Tal como referes, impossível ficar indiferente depois de visitarmos os campos de concentração. As câmaras de gás e o crematório são arrepiantes e uma pessoa não tem coragem sequer de pronunciar uma única palavra lá dentro. Uma pessoa sustém a respiração e espera ansiosamente por sair dali porque (eu falo por mim) sente-se incomodada ao saber o que se passou ali não há muito tempo atrás.

    Também eu partilho contigo este interesse pela Segunda Guerra Mundial. E foi isso que me levou a ter mais interesse nestes campos e tenho alguns livros sobre essa época. Curiosamente, em 2015 visitei a Alemanha e foi "estranho" ouvir o povo alemão falar da Segunda Guerra Mundial como se fossem uns "coitadinhos" e eles tivessem sido as vítimas. Lembro-me da minha guia estar com esse discurso de "nós sofremos com a Segunda Guerra" e só me apetecer dizer-lhe umas quantas coisas. Mas pronto, cada um sofre à sua maneira.

    Outro sítio que te aconselho (e acho que é de visita obrigatória) é a casa de Anne Frank em Amesterdão. Também levas um murro no estômago ao ver as instalações descritas no livro. A passar pelas divisões e pelos esconderijos que ela fala no seu Diário.

    E com isto me despeço porque o comentário já vai bem longo ;)

    Beijinhos,
    Ricardo, www.opinguimsemasas.pt

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    1. Sim, concordo muito com a tua partilha. Eu (Tatiana) quando entrei nas câmaras de gás e o crematório, não consegui ficar lá dentro sequer, fui direta à saída. É um sentimento e aperto indescritível...

      Sim, a sugestão da casa de Anne Frank deve ser também intensa e muito interessante. Quando visitar Amesterdão (quero fazê-lo brevemente) irei lá, certamente.

      Beijinhos :)

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  3. Gostei muito de ler este post, consegui sentir a intensidade através das tuas palavras. Espero, em breve, poder visitar também. Por mais livros que leia sobre o assunto, acho que a experiência é essencial e deve ser vivida por todos...

    Um beijinho,
    MESSY GAZING

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    1. Sim, sem dúvida que por muito que bom que seja o relato, viver e estar no local onde tudo aconteceu é essencial para perceber efetivamente o a dimensão e intensidade de que aconteceu... :(

      Beijinho*

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